Nos últimos anos, os estudos sobre o processo de envelhecimento tem se destacado com o intuito de compreender os problemas que afetam os idosos, procurando promover uma mudança e buscando um meio de proporcionar um envelhecimento mais saudável e mais independente. O aumento do envelhecimento e da longevidade, evidenciado pelos dados epidemiológicos são um fenômeno em todo o mundo, especialmente em mulheres, que vivem em média sete anos a mais do que os homens, segundo o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais de Rockville (EUA), datados do ano de 1993.
O censo do IBGE do ano de 2000 estimou que a população idosa (idade superior a 60 anos) no Brasil era de aproximadamente 15 milhões de pessoas, sendo este um número bastante considerável, ou seja, dentro de uma escala percentual de 8,6% da população brasileira. O crescimento da população com 65 anos ou mais chegou a 10,8% em 2010. No Brasil, a expectativa de vida hoje é de 69,4 anos, sendo 72,2 anos para o sexo feminino e 68,9 para o sexo masculino. Diante de uma população que cresce acentuadamente, é necessário apresentar estudos que auxiliem em melhores condições de vida, seja para subir escada, pegar ônibus, sentar e levantar, caminhar, ou amarrar seus próprios calçados. Ou seja, desde as atividades diárias às atividades recreativas, faz-se necessário o treinamento de força, visando à qualidade de vida. Segundo Fleck & Junior (2003), após os 30 anos, estima-se que a perda de força seja de 1% por ano até os 60 anos, de 15% por década entre os 60 e os 70 anos, e daí em diante, 30% por década.
Um dos primeiros efeitos notáveis do envelhecimento é o declínio da massa e força muscular. O treinamento de força (TF) é um modo de diminuir esse declínio relacionado à idade, o que resulta em melhor qualidade de vida, visto que a perda de força muscular tem alta relação com quedas e pouca independência dos idosos para realizar atividades de vida diária. O TF como exercício físico, repercute na prevenção e reabilitação de indivíduos idosos, em parâmetros funcionais e metabólicos como a sarcopenia, a osteoporose, a obesidade e controle de peso, a capacidade funcional etc., sendo reconhecida recentemente por entidades como ACSM (2009).
A diminuição da massa muscular e da força muscular é uma das manifestações mais conhecidas nessa fase da vida, segundo Weineck (2000). A perda de massa muscular é chamada de sarcopenia (palavra de origem grega que literalmente significa “perda de carne”) e se mostra como um importante fator de contribuição para a redução da capacidade funcional no envelhecimento. Devido a esse processo, os indivíduos vão gradualmente perdendo a força, o que dificulta a execução das atividades diárias (Frontera; Bigard, 2002).
Harries & Bassey (1990) referem um declínio de 15% da força máxima individual entre a sexta e a sétima décadas de vida e de 30% a cada década, após este período. Katch e Mcardle (1992) relatam um declínio de pelo menos 16,5% na força muscular após a terceira década de vida. Essa perda de força relaciona-se diretamente a uma mobilidade e um desempenho físico limitado, assim como aumentos na incidência de acidentes sofridos pelas pessoas com fraqueza muscular.
Podemos ver que a maioria das perdas funcionais se acentua com a idade devido à insuficiente atividade do sistema neuromuscular, ao desuso e à diminuição do condicionamento físico. Músculos preparados melhoram a função das articulações e reduzem o risco de quedas. De acordo com o ACSM (2003), o treinamento resistido de força ajuda a preservar e a aprimorar esta qualidade física nos indivíduos mais velhos, podendo prevenir quedas, melhorar a mobilidade e contrabalançar a fraqueza e fragilidade muscular. Estudos feitos por Fiatarone-Singh (1998) indicam que um TF de alta intensidade na terceira idade é seguro e muito mais efetivo que o treinamento de baixa intensidade, para que ocorram as adaptações musculares. Estudos comprovaram que até mesmo indivíduos com idade acima de 90 anos podem conseguir ganhos em força.
Portanto, a manutenção da força muscular, ou o seu aprimoramento, permite a qualquer indivíduo executar as tarefas da vida diária com menos estresse fisiológico (ACSM, 2003). Com base nesses dados, vemos que o Treinamento de Força para Idosos, vem se tornando uma via essencial na promoção da qualidade de vida para esta população. Já que apresenta acréscimos no conjunto ósseo e muscular. Contribuindo, desta forma, ao amenizar as possibilidades de lesões, fraturas e quedas.
“Provavelmente não existe declínio funcional e estrutural tão dramático quanto o da massa magra ou massa muscular com o passar do tempo”. (Rosenberg, 1997)
Professor Eli Silveira Gonçalves Júnior