No Rio Grande do Sul, o primeiro resgate das características mais evidentes do gaúcho e da retomada das ideias farroupilhas surge em 1860, quando Pires Brandão, Felix da Cunha, Osório e Antônio Gomes Pinheiro Machado fundaram o Partido Liberal Histórico. Até aquela época era quase crime falar ou rememorar a Revolução Farroupilha.
Em agosto de 1947, sob a liderança de João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes, foi criado o Departamento de Tradições Gaúchas, junto ao grêmio estudantil do colégio estadual Júlio de Castilhos, (Julinho) em Porto Alegre. O objetivo principal daquele grupo de jovens não era literário, mas associativo. Desejavam encontrar “uma trilha diante da perda da fisionomia regional” ou procuravam “a identidade da terra gaúcha”. Paixão Côrtes teve a ideia de retirar da ‘pira da pátria’ a centelha que iria acender o “Candeeiro Crioulo”, para isso foi procurar o Presidente da Liga de Defesa Nacional, Major Darcy Vignoli, responsável pela Semana da Pátria, buscando obter autorização para a retirada da centelha no dia 7 de setembro. O Presidente da liga aproveitou a ocasião para convidar o departamento a formar uma ‘escolta de a cavalo’ para receber, em Porto Alegre, os restos mortais de David Canabarro, vindos de Santana do Livramento. Paixão aceitou prontamente o desafio, imaginando que seria fácil reunir voluntários. Porem, somente três colegas se dispuseram a acompanhá-lo na guarda que chamou, mais tarde, “Piquete da Tradição”. Havia o medo de passar por constrangimento (vexame) ao pilchar-se e montar a cavalo na capital. A muito custo, Paixão conseguiu mais cinco jovens para compor, que estudavam em outros educandários, para compor a citada guarda: “O grupo dos oito” como ficou conhecido.
Ao mesmo tempo das iniciativas lideradas por Paixão Côrtes, outro jovem, do mesmo “Julinho”, recolhia assinaturas num caderninho com o objetivo de formar um “clube tradicionalista”. Foi a forma encontrada por Luiz Carlos Barbosa Lessa para fazer com que os “citadinos” ouvissem seu grito em defesa das tradições gauchescas. Barbosa Lessa travou contato com outro grupo de jovens ex-escoteiros liderados por Hélio José Mouro, que tinha intenções semelhantes às suas. Surgiram, pois, no mesmo momento três iniciativas quase idênticas, mas que ao tomarem conhecimento umas das outras, resolveram reunir forças e constituir um único grupo que passou a reunir-se semanalmente, chegando, depois de seis meses de reuniões, a elaboração dos estatutos de 35 Centro de Tradições Gaúchas (CTG).*
Barbosa Lessa se reporta a criação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG):
“Poucas agremiações terão sido tão explicitas em seus objetivos:
O Centro terá por finalidade:
a) Zelar pelas tradições do Rio Grande do Sul, sua história, suas lendas, canções, costumes, etc., e consequente divulgação pelos estados irmãos e países vizinhos.
b) Pugnar por uma sempre maior elevação moral e cultural do Rio Grande do Sul;
c) Fomentar a criação de núcleos regionalistas no Estado, dando-lhes apoio possível;
O centro não desenvolverá qualquer atividade político-partidária, racial ou religiosa.”
A ata de fundação foi assinada por 24 rapazes, no dia 24 de abril de 1948. São considerados fundadores do 35 CTG, 62 pessoas). Foi escolhida a primeira diretoria e assim começou a funcionar o primeiro CTG, instalado num galpão, mesmo que simbolicamente representado pelo porão da casa da família Simch.
* O 35 CTG de Palmeira das Missões, também encontra-se entre um dos primeiros CTG’s fundados da história do tradicionalismo, em meados dos anos 50. O nome teve como influência o próprio 35 CTG de Porto Alegre.
Fonte: MTG: Departamento de Formação Tradicionalista e Aperfeiçoamento.